Reprodução/Clube do Diabetes Na imagem, um glicosímetro antigo que media os níveis de glicose no sangue com uma quantidade muito maior de sangue do que a necessária nos aparelhos atuais
 

Há mais de 30 anos, a psicóloga Graça Câmara tomou um susto quando recebeu o diagnóstico de que sua filha, com um ano e três meses, tinha diabetes. Nem o próprio pediatra desconfiou do quadro de diabetes da criança que estava "prostrada", segundo a mãe, e foi internada em coma na UTI de um hospital infantil. Naquela época ainda não existiam glicosímetros no Brasil, o que dificultava ainda mais o tratamento da doença, que exige uma monitoração dos níveis de glicose no sangue constantemente. De acordo com os endocrinologistas , o avanço tecnológico no tratamento melhorou não só a qualidade de vida dos pacientes, mas também a monitoração e a administração da insulina.A endocrinologista Denise Reis Franco, membro da diretoria da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), conta que antes dos glicosímetros existerem, a única maneira de medir a glicose era fervendo a urina em um tubo de ensaio. "Era necessário ferver um reagente com 10 ml de urina e conforme a mudança da cor é que se calculava quanto de insulina era necessário tomar. Imagina fazer esse procedimento quatro vezes ao dia?", relembra também Mauro Scharf, endocrinologista e chefe do serviço de endocrinologia pediátrica do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba.
A psicóloga conseguiu fazer sob encomenda um glicosímetro para medir os níveis de glicose de sua filha. "O aparelho era tão caro que a empresa que eu trabalhava fez um financiamento do valor para mim e ele funcionava com pilhas e energia elétrica ao mesmo tempo", descreve Graça. Como as tiras para a medição também tinham custo elevado, ela fazia as medições eventualmente. "Além disso, não havia lancetas para fazer a punção do sangue para medição. Tinha que usar agulhas descartáveis imensas e em um bebê com menos de dois anos de idade. Era um sofrimento", relata.Para Scharf, a medição de forma rápida, prática e indolor é um dos pilares para que o paciente possa aderir ao tratamento. "Antes era preciso colocar 0,5 mililitros de sangue do paciente para fazer a medição e atualmente só é preciso 0,3 microlitros. Isso pode parecer besteira, mas pra um paciente que vai se picar de quatro a sete vezes ao dia isso é importante", destaca. Em outras palavras, a quantidade de sangue necessário para aferir os níveis glicêmicos diminuiu mais de 1.500 vezes. .
Aplicação mais precisa
A aplicação da insulina, medicamento necessário no tratamento de todos pacientes com diabetes tipo 1 - doença autoimune em que o pâncreas para de produzir esse hormônio, também evoluiu com o passar do tempo. "Antigamente era usada uma seringa de vidro e uma agulha intramuscular, ou seja, além de doer, era necessário esterilizar todo material a cada aplicação", revela Franco.Divulgação..